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Construindo um Gêmeo Digital da sua Organização

Postado em 14 de ago. de 2021 por Antonio Plais

Originalmente postado por Marc Lankhorst*, no blog da BiZZdesign. – Tradução e adaptação autorizados

Em postagens anteriores, escrevemos sobre a combinação de estrutura e dados para criar percepções inovadoras sobre a sua empresa e como isso pode suportar a criação de um Gêmeo Digital da sua Organização. Para relembrar, um gêmeo digital é uma representação digital de uma entidade ou sistema do mundo real.

Um modelo como esse permite todos os tipos de análises avançadas, por exemplo, para:

  • Manutenção preditiva
  • Otimização de recursos
  • Controle de fluxos
  • Desenvolvimento de produtos

Gêmeos digitais são usados em todos os tipos de configurações no mundo real, per exemplo:

  • Motores de aeronaves, caminhões, locomotivas e automóveis. Por exemplo, de acordo com o CSC, a Tesla Motors cria um gêmeo digital para cada automóvel que ela vende, e se um motorista está com um ruído em uma das portas, ele pode ser consertado por meio de uma alteração de software que ajusta o sistema hidráulico daquela porta específica (fonte).
  • Turbinas eólicas, plataformas de petróleo, usinas de energia, fábricas inteligentes, e várias aplicações na Indústria 4.0
  • Edifícios de escritório e residências inteligentes
  • Modelos personalizados de pacientes na indústria de saúde

E a tecnologia da Internet das Coisas irá permitir muitos outros casos de uso. Um Gêmeo Digital da Organização (DTO-Digital Twin Organization) é exatamente a mesma coisa, um modelo digital que mostra como a sua empresa é construída, opera e evolui. Agora, essa ideia não é exatamente nova, embora o termo tenha sido cunhado pelo Gartner apenas recentemente. Os modelos corporativos que a Bizzdesign vem suportando em nossos produtos por muitos anos são, naturalmente, representações digitais como estas da sua organização.

No entanto, existem alguns novos desenvolvimentos. No passado, tais modelos eram desenhados e mantidos separadamente do negócio em operação. Hoje em dia, nós podemos integrar dados operacionais vivos nos nossos modelos, a partir de muitas fontes diferentes. Como discutido na primeira postagem mencionada acima, isso oferece uma gama completa de novas possibilidades.

Construindo um Gêmeo Digital da sua Organização

Mas como você constrói um gêmeo digital como esse? Nós usamos um processo iterativo de cinco etapas, mostrado abaixo.

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Figura 1. Processo de criação de um Gêmeo Digital da Organização

1. Modele a sua empresa

A primeira etapa na criação de um DTO é, naturalmente, usar modelos formalizados de sua:

  • Direção estratégica e modelos de negócio.
  • Ativos e capacidades atuais/desejados.
  • Organização e processos.
  • TI e outras tecnologias que suportam suas operações.
  • Iniciativas de mudança que evoluem e transformam a empresa.

Em muitas outras oportunidades ao longo dos anos, temos explicado estes tipos de modelos, razão pela qual não vamos elaborar sobre eles aqui. No entanto, uma coisa importante a ser notada é que, cada vez mais, você pode usar a automação para acelerar a modelagem do estado atual da sua empresa. Por exemplo, você pode importar informações de ferramentas de fluxo de trabalho, mineração de processos, CMDBs etc. e gerar modelos automaticamente em vez de construí-los manualmente.

É claro que a experiência de arquitetos e outros desenhistas ainda é essencial na criação das abstrações necessárias que ajudam você a enxergar o todo: decidir o que abstrair, onde generalizar e quais detalhes são irrelevantes – isso não é algo que podemos automatizar facilmente. Além disso, desenhar o futuro de sua empresa também não pode ser automatizado.

Isso não é baseado em uma visão monolítica e abrangente de modelar de tudo do mundo. Em vez disso, pensamos nisso como vários aspectos sendo capturados em diferentes modelos, que são mantidos por diferentes (mas colaborando umas com as outras) comunidades e disciplinas. E todos estes vários modelos estão interconectados para formar uma espinha dorsal coerente que oferece uma linha de visão clara entre a direção estratégica, as operações e a mudança da empresa.

2. Adicione dados aos seus modelos corporativos

A segunda etapa na criação de um DTO é adicionar dados operacionais relevantes da empresa em tempo real aos seus modelos integrados. Isso pode incluir, por exemplo:

  • Dados sobre seu portfólio de produtos (participação no mercado, receita)
  • Dados de experiência do cliente (satisfação do usuário, pontuação líquida do promotor)
  • Dados de desempenho (rendimento do processo, produtividade, disponibilidade)
  • Custo dos recursos (pessoal, licenças, manutenção, infraestrutura)
  • Ciclo de vida da tecnologia (valor comercial e técnico, fim da vida útil)
  • Desempenho do projeto (tempo, orçamento, valor criado)

É claro que esses são apenas alguns exemplos, e as especificidades de sua própria organização determinarão quais tipos de dados estão disponíveis e são úteis. Pode haver algumas batalhas para lutar dentro de sua organização para obter acesso a determinadas fontes de dados, mas isso está além do escopo deste artigo técnico.

Mais importante ainda, a qualidade dos dados é fundamental. Afinal – lixo que entra, lixo que sai. Então, antes de adicionar quaisquer dados ao seu modelo, você deve avaliá-los de acordo com atributos comuns de qualidade, como:

  • Exatidão: os dados representam corretamente o mundo que eles descrevem?
  • Precisão: qual é o nível de detalhes dos dados?
  • Integralidade: os dados estão disponíveis para as partes relevantes do seu modelo?
  • Atualidade: os dados estão atualizados em relação ao mundo que eles descrevem?
  • Oportunidade: os dados estão disponíveis no momento adequado?
  • Consistência: os dados são consistentes com outros conjuntos de dados?
  • Linhagem: você sabe de onde vêm os dados, por exemplo, de uma fonte confiável?

Você pode agregar e integrar os dados que adicionou de várias maneiras diferentes. A figura abaixo, por exemplo, mostra um modelo de cálculo de custo de aplicativos, onde os vários componentes do custo são somados de acordo com o volume, uso de recursos etc. O custo agregado por aplicativo por, por sua vez, ser distribuído para, por exemplo as unidades de negócio da organização com base na intensidade do seu uso nos vários processos de negócio.

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Figura 2. Modelo de custo

Nossa plataforma Horizzon oferece excelentes capacidades de integração. Você pode importar informações de todos os tipos de fontes, desde planilhas Excel e bases de dados SQL até fontes como o ServiceNow, Technopedia e muitas outras. A plataforma de fluxo de dados de alto desempenho subjacente fornece a base para a integração de dados em tempo real e de alto volume.

3. Visualize e analise sua empresa

Uma vez que você tenha enriquecido seus modelos com dados relevantes, você pode usá-los para realizar vários tipos de análises. Pense em aspectos como:

  • Cenários de modelos de negócio
  • Parâmetros financeiros, alocação de custos, prioridades de investimento
  • Desempenho do portfólio de produtos, participação no mercado, receita
  • Maturidade e crescimento da capacidade
  • Continuidade do negócio, dependências, riscos
  • Experiência e satisfação do cliente
  • Desempenho, gargalos, taxas de falha, utilização dos processos
  • Segurança e conformidade, uso de dados, vulnerabilidades
  • Portfólio de aplicativos, ciclo de vida de TI

E isso é apenas um pequeno exemplo. Nosso artigo técnico sobre técnicas de análise pode ser uma inspiração aqui.

Para transmitir a mensagem certa e criar um entendimento sólido sobre a sua empresa, visualizações adequadas também são fundamentais. Isso pode abranger desde tabelas e listas simples, passando por modelos “clássicos” em linguagens como ArchiMate e BPMN, até mapas de calor, gráficos e painéis interativos cheios de cores.

Na figura abaixo você vê um mapa de paisagem no qual os aplicativos que suportam determinadas capacidades de negócio (o eixo vertical) para determinados domínios de informação (o eixo horizontal) são plotados, coloridos de acordo com suas recomendações de ciclo de vida: azul = tolerar, verde = investir, amarelo = migrar, vermelho = eliminar. Essas recomendações se baseiam em uma análise típica de portfólio de aplicações TIME, com base nas diferentes métricas de valor de negócio e técnico desses aplicativos (consulte nosso e-book Gerenciamento do Portfólio de Aplicativos para obter mais informações sobre isso). Esses dados, por sua vez, vêm de várias fontes externas, que vão desde pesquisas com usuários até registros de chamados do departamento de gerenciamento de serviços, e de análises automatizadas de código a dados sobre fornecedores de uma fonte como a Technopedia.

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Figura 3. Mapa do panorama de aplicativos com conselhos sobre o ciclo de vida Iclique para ampliar)

Como você pode ver, esta figura integra muitas informações úteis em um mesmo diagrama, dando a você uma visão geral, digamos, do impacto potencial da substituição de um aplicativo nas capacidades de negócio suportadas e nos domínios de dados envolvidos.

Na próxima figura, você tem outro exemplo, um painel interativo no Horizzon. Você pode selecionar um elemento, por exemplo, os aplicativos de alto risco, e o restante do painel se adapta e filtra para mostrar apenas esses aplicativos em todos os gráficos. Dessa forma, você pode mergulhar nos problemas mais relevantes de sua empresa e dar suporte à tomada de decisões com mais eficiência.

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Figura 4. Painel de controle interativo no Horizzon

Nosso artigo técnico sobre visões corporativas para melhorar a execução da estratégia mostra alguns exemplos de visões que podem apoiar uma audiência executiva, as principais partes interessados na próxima etapa.

4. Controle e mude a sua empresa

É aqui que a coisa fica séria. Com base nas análises e visualizações das etapas anteriores, os tomadores de decisão em todos os níveis da organização podem usar as informações para direcionar, controlar e mudar a empresa. Isso pode variar desde a otimização de parâmetros simples em um processo de produção por especialistas de domínio no “chão de fábrica”, até grandes transformações de negócio iniciadas pelo gerenciamento no nível executivo. Como todas as informações estão conectadas em um ambiente de modelagem coerente, qualquer mudança pode ser avaliada antecipadamente como parte de uma imagem holística. Vice-versa, as mudanças em dados relevantes do mundo externo podem ser alimentadas no Gêmeo Digital para avaliar seu impacto na empresa.

O fundamental na mudança de sua empresa é analisar o impacto das mudanças e planejar essas mudanças de uma maneira inteligente. Não defendemos uma abordagem de “grande desenho antecipado” (BUFD-Big Up-front Design), com planos de transformação enormes e rígidos abrangendo vários anos. Em vez disso, em um ambiente de negócios cada vez mais volátil, você precisa usar uma abordagem interativa onde seus planos são atualizados regularmente para corresponder às circunstâncias em constante mudança, normalmente de maneira ágil. A figura abaixo mostra um exemplo simples de dependências entre uma série de mudanças, representadas pelas caixas rosa. Um atraso no projeto P428 causa problemas na programação, uma vez que o projeto P472 depende dele. Além disso, uma vez que as duas mudanças se sobrepõem em escopo (como mostrado na tabela do lado direito), estas mudanças podem estar, potencialmente, no caminho uma da outra quando também se sobrepõem no tempo. Essas informações são calculadas a partir da combinação de informações de programação e arquitetura do projeto, um exemplo claro do valor de integrar esse tipo de estrutura e dados em um Gêmeo Digital.

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É claro que este é apenas um exemplo de gerenciamento de mudanças em sua empresa. Em outras publicações temos mostrado muitos outros tipos de análises. Ou entre em contato para solicitar uma demonstração, se você quiser saber mais.

5. Melhore seus modelos

Por fim, você precisa fechar o ciclo. Como George Box disse: “Todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis.” O seu modelo nunca é uma imagem completa da realidade, mas você deveria melhorá-lo continuamente. Antes de mais nada, você deve verificar sua qualidade: seus modelos e dados são tecnicamente saudáveis? Eles são consistentes? Eles são compreendidos? Em segundo lugar, você precisa garantir que seus modelos e dados não se desviem muito da realidade. Eles ainda representam o mundo real com precisão suficiente para fornecer valor? O que mudou no mundo real? Você precisa recalibrar?

Além disso, você pode aprimorar seu Gêmeo Digital adicionando mais fontes de dados. Construir uma DTO, afinal de contas, não é um exercício pontual. É uma jornada, não um destino. Você adiciona gradualmente mais e mais informações, finalizando e enriquecendo o Gêmeo Digital ao longo do tempo. Por fim, para melhorar a qualidade de seus modelos, você precisa ter certeza de que esse ciclo de retroalimentação seja rápido o suficiente. Dessa forma, você pode evitar que seus modelos fiquem desatualizados.

Acesse nosso artigo técnico Como Arquitetos Corporativos Suportam Iniciativas de Gêmeos Digitais para obter uma versão de impressão desta série de postagens.

* Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia da Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

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