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Colaboração Eficiente com Métodos Ágeis

Postado em 8 de dez. de 2018 por Antonio Plais

Originalmente postado por Marc Lankhorst e David van Eck*, no blog da BiZZdesign – Tradução autorizada

A maioria das pessoas pensa no Scrum quando fala a respeito de colaboração dentro dos métodos Ágeis. O Scrum tem sido definitivamente um grande fator de contribuição em direção a uma maior colaboração. Note que nos referimos a ele apenas como um fator de contribuição; o Scrum tem uma forte ênfase em aspectos pragmáticos, e menos nos fatores humanos. Nesta postagem, pretendemos realçar as conexões entre estes dois fatores dentro dos métodos ágeis.

Scrum

Os métodos Ágeis são baseados na ideia de um desenvolvimento iterativo e colaborativo de software dentro de um limite de tempo claramente definido. Estas iterações são chamadas de ‘sprints’ no Scrum, uma das mais populares das metodologias Ágeis. Muitas organizações aplicam o framework Scrum porque ele é relativamente direto, e evita custos indiretos. No centro de uma organização Scrum está uma equipe multifuncional e autogovernada. Cada membro da equipe está envolvido no planejamento, na remoção de entraves e na distribuição de tarefas. A metodologia Scrum assume que todo o conhecimento necessário está disponível dentro da equipe, o que é refletido na ideia de equipe multifuncional e equipes autogovernadas. Neste sentido, os métodos Ágeis são radicalmente diferentes dos métodos clássicos em cascata, com sua bordagem linear ‘de cima para baixo’ baseada na divisão do trabalho e no ‘grande desenho antecipado’.

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O desenvolvimento ágil de software acontece nas equipes com um foco nos fluxos de valor. Isto é bastante diferente das abordagens clássicas de gerenciamento de projetos (que são uma das maiores fontes de fracassos na TI, como discutimos em uma postagem anterior). As equipes estabelecem suas próprias metas bem definidas para cada sprint, e mesmo, às vezes, para aquele dia. Metas são atingíveis e realísticas, porque os próprios membros da equipe dividem o trabalho em partes gerenciáveis, e fornecem suas próprias estimativas em relação a quanto tempo será gasto em cada tarefa. Graças a essa flexibilidade inerente, abordagem pragmática e foco nas tarefas, os membros da equipe trabalham juntos em direção a uma meta comum. Dentro de uma equipe Scrum existem poucos papéis bem definidos: o Product Owner (responsável pelo produto), o Scrum master (responsável pela aplicação correta da metodologia e facilitação) e os membros da equipe (responsáveis pelo trabalho efetivo)

Muitas organizações valorizam os métodos ágeis por causa da produtividade aumentada de suas equipes. Isso é verdade se, e quando, a metodologia é aplicada corretamente dentro de cada equipe. O que nós vemos, muito frequentemente, é que muitas organizações que aplicam a metodologia prestam pouca atenção aos fatores humanos dentro da equipe, tais como confiança, transparência, espírito de equipe, etc.

De acordo com o Scrum, qualquer equipe que preste atenção ao planejamento, refinamento do backlog (um encontro para priorizar as histórias de usuário), papéis, responsabilidades, metas, etc., trabalhará junto efetivamente como um time. Um problema importante, no entanto, é que na ausência de confiança mútua, pouco progresso será alcançado. O sucesso da equipe não é dependente apenas da aplicação racional da metodologia, mas precisa também levar em consideração o fator humano. Uma equipe poderia executar o aspecto racional do Scrum com perfeição, mas, ao final, são as pessoas que precisam fazer o trabalho, de forma que prestar atenção a estes fatores humanos é igualmente importante.

Fatores Humanos

Então, o que nós queremos dizer exatamente por “fatores humanos”? Pense sobre honestidade, confiança, o balanço entre a individualidade do membro da equipe vs a equipe como uma unidade, coragem, determinação, intuição, liderança, desenvolvimento, aprendizado a partir dos erros, gerenciamento de mudanças, motivação pressão dos pares, e por aí vai. Todas estas coisas serão vivenciadas de forma diferente por cada membro da equipe, e isso terá impacto no sucesso da equipe. Estes fatores humanos são absolutamente críticos para uma implementação bem-sucedida de métodos ágeis. A experiência nos ensina que dentro dos frameworks Ágeis, é imprescindível prestar atenção na, e estimular a, colaboração, a crítica construtiva, e a melhoria contínua, para garantir a colaboração bem-sucedida ao longo dos sprints.

Exemplo 1: Espaço necessário e flexibilidade

As equipes ágeis tipicamente consistem de vários profissionais que contribuem para um resultado final a partir da perspectiva de seu próprio conhecimento e habilidades individuais. Estes profissionais devem exibir um envolvimento aberto e engajado, o que naturalmente implica que eles devem ser excelentes na colaboração dentro da equipe. Cada profissional deve ter o espaço e a flexibilidade necessários dentro de um ambiente estruturado. Quando um profissional não tem o espaço necessário, ele ou ela não é capaz de usar o seu conhecimento e suas habilidades de forma plena. Isso reflete negativamente naquele indivíduo e na visibilidade das suas contribuições. Muitos profissionais/membros de equipes lutam com isso. É um desafio comum para muitas equipes ágeis.

Exemplo 2: Confiança

Em um arranjo ágil, a equipe mesma recebe muita atenção. Equipes ágeis são estabelecidas e os membros da equipe são alocados à equipe com base nos conhecimentos, habilidades e experiência necessários. Depois disso, o trabalho é distribuído entre as várias equipes e os vários membros de cada equipe, junto com metas específicas. A equipe completa é estabelecida e definida, mas algumas vezes os membros da equipe podem não ter confiança uns nos outros devido a diferenças de entendimento, experiências passadas ruins com um colega, ansiedade, etc. Assim, os membros da equipe podem trabalhar como indivíduos, e não como uma equipe, o que afeta o desempenho da equipe como um todo. Muitas vezes, bastante atenção é dada à estrutura das equipes, mas não tanto ao que acontece dentro daquelas equipes. Isso é, pelo menos, tão importante em termos de sucesso e resultados quanto a estrutura das equipes em si.

Lidando com Equipes Ágeis

A partir destes exemplos, torna-se claro que uma implementação ágil bem-sucedida não depende apenas do estabelecimento da estrutura correta. Fatores humanos também desempenham um papel importante. O Scrum Master é um elemento vital na promoção da interação humana e na orientação da equipe para a aplicação de boas práticas. Ele ou ela pode fazer isso ajudando a equipe a estabelecer algumas regras de ouro. Por exemplo: preocupação em compartilhar, tão cedo e frequente quanto possível. Isso serve como um contrato entre os membros da equipe, o que estimulará a colaboração. Mais ainda, a comunicação interna sobre as regras de ouro dentro da equipe é importante. Os membros da equipe precisam de um espaço para falar sobre seus medos e enganos nas reuniões da equipe. As regras de negócio são uma ferramenta para ajudar os membros da equipe e o Scrum Master a facilitar este tipo de seção. Esta é uma forma ideal para que os membros da equipe se tornem mais acostumados com o método Scrum.

Outra tarefa chave dentro da equipe é fornecer feedback, e equipes recém-formadas precisam praticar isso. Isso garantirá para os membros da equipe uma oportunidade para compartilhar suas histórias e opiniões pessoais. Um ambiente aberto e de confiança é criado, no qual os membros da equipe se sentem livres para discutir problemas de melhoria. O Scrum Master pode precisar, também, orientar alguns membros individuais da equipe no fornecimento de feedback. Por exemplo, quando eles são muito contidos ao fornecer feedback, ou são muito críticos em relação aos colegas.

Os métodos ágeis, mais do que os métodos tradicionais, requerem cooperação, confiança, aceitação de responsabilidades e disciplina. Os membros da equipe, juntos, são responsáveis pelo resultado geral. Como membro individual, você não pode simplesmente jogar sua parte do resultado por cima da cerca para outro membro da equipe. Desenvolvedores que preferem trabalhar sozinhos podem, assim, ter desempenho piorado em uma equipe ágil. Comportamento evasivo e solitário é fatal para uma equipe assim. Esta necessidade para comunicação aberta e clara é uma das razões pelas quais as equipes ágeis não podem ser muito grandes. Você precisa de comunicação pessoal e isso funciona melhor em uma equipe com não mais do que 7 a 10 pessoas. O papel do Scrum Master é orientar a equipe para o estabelecimento de uma cultura focada no time como esta. Este é um dos principais fatores ‘suaves’ para o sucesso (ou fracasso) de uma equipe ágil, especialmente com equipes inexperientes.

Conclusão

Na introdução desta postagem, destacamos como o método Scrum fornece estrutura e molda uma equipe baseada em projeto. Um ambiente ágil bem-sucedido não depende apenas dos aspectos formais (planejamento, definição de objetivos, etc.), mas também é importante levar em consideração os fatores humanos dentro da equipe. Juntar os aspectos formais e os fatores humanos no desenvolvimento de software permitirá que a organização otimize o trabalho Ágil. Na prática, infelizmente, isso ocorre muito pouco.

Em postagens futuras gostaríamos de discutir o uso de métodos ágeis no contexto de organizações grandes e intensivas de TI, com processos de negócio e panoramas de sistemas complexos. Em um contexto como esse, o relacionamento entre o gerenciamento de portfólios, a arquitetura corporativa, o desenho de processos de negócio e o desenvolvimento ágil se torna cada vez mais importante. No entanto, existem várias tensões entre estas disciplinas, tendo por um lado a sincronização dos seus vários ritmos e ciclos, e por outro lado, e talvez o mais importante, suas diferenças culturais.

Por favor, não hesite em compartilhar suas experiências e opiniões sobre o trabalho com equipes Ágeis!

* Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia, e David van Eck é consultor e instrutor da Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

 

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