Comunidade
  • Termo

  • Categoria

  • Período

Uma Visão Geral dos Níveis de Abstração na Arquitetura Corporativa

Postado em 4 de out. de 2021 por Antonio Plais

Originalmente postado por Bernd Ihnen e Marc Lankhorst*, no blog da BiZZdesign – Tradução autorizada

As organizações são confrontadas atualmente com uma velocidade de mudança cada vez mais rápida. Para habilitar uma transformação mais rápida, elas implementam métodos ágeis que impactam toda a empresa. Obviamente, a mudança precisa ser comunicada, mas não é possível documentar todos os detalhes porque desta forma eles estariam ultrapassados na próxima semana, ou talvez até no mesmo dia. A Arquitetura Corporativa (EA-Enterprise Architecture) é uma disciplina para descrever a estrutura de uma empresa em diferentes camadas como estratégia, negócio, informação, aplicativo e tecnologia. A linguagem ArchiMate é o padrão mundial para descrever e analisar a sua empresa visualmente de uma maneira holística. Ela cobre todas as camadas citadas acima, bem como vários níveis de granularidade (nível de detalhes, atributos adicionais) e/ou abstração. Este último ponto é geralmente desafiador para se definir, mas tem amplas implicações para as análises que você pode fazer e para o esforço de manutenção necessário para manter a informação atualizada. Esta postagem apresenta uma visão geral destes vários níveis de abstração na arquitetura corporativa e fornece indicações sobre o que pode ser feito em cada nível de abstração. As explicações são dadas por meio do uso de exemplos.

blog abstraction 001

Introduzindo a Visão Geral

O Framework Central do ArchiMate oferece a habilidade para modelar os aspectos da estrutura ativa (e.g. aplicativos), comportamento (e.g. processos) e da estrutura passiva (e.g. objetos de dados) de uma arquitetura corporativa. Nas empresas, muitos diagramas circulam descrevendo parcialmente um domínio a partir de um certo ponto de vista: mapas de capacidades, processos de negócio, fluxos de informação, panoramas de aplicativos, arquiteturas de tecnologia etc. Estes diagramas consistem dos aspectos mencionados acima e eles geralmente variam em relação ao seu nível de abstração. Você pode ver generalizações, tipos de soluções de TI, abstraindo de implementações individuais, ou variantes detalhadas de processos para mostrar as diferenças entre regiões. Em consequência, você pode adicionar três ‘sub-aspectos’ a cada aspecto: Agnóstico de Solução, Específico de Solução e Específico de Implementação. Ao fazer isso você pode criar uma Visão Geral dos Níveis de Abstração da Arquitetura Corporativa.

{modal url=”/images/blog/blog_abstraction_002.png”}blog abstraction 002{/modal}

(clique para ampliar)

Primeiramente, a figura mostra que você pode modelar todos estes níveis de abstração com a linguagem ArchiMate, mas ela não diz que você deveria modelar todos estes níveis! Por exemplo, modelar cada instância implementada de um serviço de tecnologia definitivamente não está no escopo da arquitetura corporativa. Mas vamos começar pela parte superior da figura.

Descrever o Que o Negócio Faz

Observando a coluna de comportamento, podemos modelar (pelo menos) três níveis de abstração, como mostrado na figura.

  • Processo de Atendimento: colocar um elemento em um diagrama dizendo “Processo de Atendimento” significa um alto nível de abstração para descrever partes específicas do comportamento no sua empresa e provavelmente alguns departamentos podem ser nomeados como desempenhando estes tipos de processos. Estes elementos podem ser usados para descrever padrões ou classificações de alto nível dentro da sua empresa. Por exemplo, requisitos específicos podem ser aplicáveis a todos os Processos de Atendimento, porque eloes têm contato direto com os clientes.
  • Processo de Vendas: O “Processo de Vendas” poderia ser um sub-tipo do “Processo de Atendimento”, e ele é menos abstrato. Ele pode ser relacionado com outros tipos de processo para descrever um padrão ou modelo de operação. Por exemplo, todos os escritórios internacionais da sua empresa devem realizar a mesma aprovação dos contratos nos seus processos de venda, o que pode variar em outros aspectos com base nas regulações locais ou condições de mercado.
  • Vendas US/UK: é possível que os seus processos de venda variem entre os Estados Unidos e o Reino Unido, por exemplo porque você precisa lidar com impostos sobre vendas de forma diferente. Podem inclusive haver várias versões do processo Vendas US porque os produtos e serviços taxáveis variam entre os estados e alguns estados nem mesmo possuem impostos sobre vendas. Então você tem diferentes versões do processo de venda implementadas em diferentes regiões que são do mesmo tipo “Processo de Venda”. Gerentes de processo reconhecerão imediatamente as diferenças entre as variantes dos processos.

blog abstraction 003

Descrever o Que os Aplicativos e Tecnologia Fazem

Na camada de aplicativos nós refletimos as mesmas circunstâncias mostrando que nos temos serviços de aplicativo de atendimento que podem suportar os processos de atendimento (muito abstrato, mas útil para padrões de alto nível) e que nós temos um serviço de aplicativo para “Criar Pedido de Venda”. Modelar um Departamento de Vendas na camada de negócio (veja a coluna de estrutura ativa) que desempenha o Processo de Vendas já descreve uma solução para aquilo que queremos que seja feito. Na camada de aplicativo nós poderíamos querer distinguir entre serviços de aplicativo de várias soluções, o que nos leva a um nível adicional de abstração para os aplicativos.

  • Criar Pedido de Venda SAP SD: este serviço descreve um tipo de comportamento específico de solução, diferente do serviço “Criar Pedido de Venda”. Quando não estamos nomeando a solução, isto deveria ser agnóstico de solução.
  • Criar Pedido de Venda SAP SD (P01/2): estas descrições de serviços são específicas de solução e, além disso, refletem instâncias implementadas na empresa. Se você quer capturar KPIs diferentes para estes serviços no nível das instâncias, e.g. valor de negócio ou desempenho, você pode usar este nível mais baixo de abstração.
  • Planejamento de Recursos Corporativos (ERP-Enterprise Resource Planning): podemos usar funções de aplicativo para descrever um tipo ou conjunto de funcionalidades em um nível muito alto de abstração. Isso poderia servir para criar um framework de aplicativo pelo qual você pode organizar suas soluções de aplicativo ou desenhar sua arquitetura de aplicativos de uma maneira agnóstica de soluções. Naturalmente você pode adicionar algo como uma “Função de Planejamento Financeiro” para descrever isso como maiores detalhes (nível mais baixo de granularidade)

blog abstraction 004

O aspecto de comportamento da camada de tecnologia segue a mesma lógica como o aspecto de comportamento da camada de aplicativo. Você pode modelar tipos de tecnologia de alto nível e tipos de serviço (específicos de solução) para descrever padrões de arquitetura ou desenhos específicos de projeto, e você pode descrever serviços implementados das soluções de tecnologia, ou ainda descrever tipos ou conjuntos de funcionalidades de tecnologia ou de infraestrutura para configurar um framework de referência de tecnologia.

Observações Adicionais

Os outros dois aspectos (estrutura ativa e passiva) seguem a mesma lógica, então nós intencionalmente não descrevemos seus elementos em detalhes aqui, exceto por alguns. No aspecto da estrutura ativa da camada de aplicativo vale mencionar que você também pode usar um componente de aplicativo para modelar um aplicativo de Planejamento de Recursos Corporativo (ERP). Essa é uma opção quando você quer começar com um nome genérico para um novo aplicativo, relacioná-lo com outras soluções existentes, e acrescentar o nome da solução apenas quando ela for selecionada. Este é um exemplo prático de como a arquitetura evolui com o tempo.

No aspecto da estrutura ativa da camada de tecnologia você poderia deixar de fora intencionalmente os elementos implementados dos sistemas de software, porque isso corresponderia a licenças específicas executando em nós servidores. Isto é muito distante da modelagem de arquitetura corporativa e muito profundo em detalhes de implementação. Quando desenhando arquiteturas corporativas, normalmente somente os tipos de servidores e software de sistema (e.g. Windows 10) são modelados, não cada instância ou licença implementada. Instâncias de servidores são geralmente gerenciadas em CMDBs e os softwares de sistema usados fornecem uma entrada útil para repositórios de arquitetura corporativa.

O aspecto da estrutura passiva pode descrever a arquitetura de informações da sua empresa. Existem várias abordagens para descrever a arquitetura de informações usando conceitos como os níveis conceitual/lógico/físico refletidos na linguagem ArchiMate nos conceitos de objeto de negócio, objeto de dados e artefato. Isso pode ser incorporado na abordagem mostrada acima. Mas você precisa também levar em consideração uma possível abordagem federada aqui.

Resumo e Recomendações

Nesta postagem demonstramos que você pode usar o ArchiMate em diferentes níveis de abstração. Também é possível adicionar mais granularidade na medida em que você pode criar um aprofundamento hierárquico para cada elemento. Na visão geral ampla nós identificamos os níveis à direita com “Desenho” e “Desenho & Documentação”. Isso fornece uma indicação sobre para qual propósito os níveis de abstração normalmente são usados.

Os elementos indicados com “Desenho” podem ser usados para modelar tipos de blocos de construção na empresa enquanto poderia haver também várias variantes de processos ou sistemas (não modeladas explicitamente por meio de elementos próprios). Modelar a arquitetura neste nível permitirá apenas que você crie um repositório de arquitetura para fins de desenho. Você pode criar várias visões da arquitetura baseadas no reuso dos mesmos blocos de construção para descrever as várias opções, variantes ou arquiteturas de referência em diferentes visões. Por meio do reuso dos mesmos elementos, você garante consistência na nomeação, reuso de documentação adicional e de avaliações (e.g. “pilha de tecnologia padrão atual”), e por meio do uso da linguagem ArchiMate você utiliza uma linguagem comum para o desenvolvimento da sua empresa. Essas vantagens ajudam a padronizar a comunicação nos projetos de transformação e desta forma os torna mais rápidos e eficientes.

Os elementos indicados com “Desenho & Documentação” podem ser usados para capturar o nível de implementação real de uma empresa. Isso normalmente inclui variações dos processos ou instâncias da TI, apenas para citar alguns exemplos comuns. Isso permite que você desenvolva o gerenciamento de portfólios corporativos, rastreie falhas na sua infraestrutura de TI, avalie o impacto de negócio de uma falha em um servidor, e muito mais. É uma certeza de que para grandes empresas este nível de abstração não pode ser modelado e mantido por uma pequena equipe de Arquitetura Corporativa centralizada. Você precisa envolver papéis adicionais na organização, e preferencialmente automatizar a colheita de tais informações com técnicas como mineração de processos e agentes que escutam o tráfego da sua rede, as comunicações no seu barramento de serviços etc. Aplicando este nível de abstração a projetos você pode modelar manualmente todas as variações ou exemplos e capturar o restante por meio de importação em massa para completar as informações do repositório. A modelagem visual (dos exemplos) reflete a visão do desenho, e a extensão das mudanças para todos os elementos reflete a visão da documentação.

Mensagem principal: esta visão geral fornece um instrumento para classificar os níveis de abstração das descrições das arquiteturas corporativas e proporciona dicas para entender para quais tarefas cada nível de abstração é útil. Analise e decida qual o nível que você precisa para descrever o seu propósito. Tudo é possível e existe uma maneira de conectar todos os pontos com o Enterprise Studio e o Horizzon, nossas ferramentas de desenho da mudança nas organizações.

* Bernd Ihnen é Consultor e Instrutor e Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia da Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

 

 

eBook
ArchiMate: da Teoria à Prática

Inovação, regulações em constante mudança, novas possibilidades tecnológicas, uma nova direção estratégica; estas são algumas das razões pelas quais muitas organizações estão em constante movimento. Este livro apresenta as melhores práticas dos autores, fruto da experiência do uso da linguagem ArchiMate em dezenas de projetos reais, em clientes dos mais diversos ramos de negócio. Uma […]

Solicite aqui sua cópia grátis
Voltar para a página inicial